Hiroki Totoki, diretor financeiro da Sony, expressou preocupações sobre a falta de franquias próprias criadas do zero pela empresa. Ele reconheceu que esse é um desafio para a Sony, que busca se igualar a seus concorrentes na indústria.
"Seja em jogos, filmes ou animes, não temos tantas propriedades intelectuais que desenvolvemos desde o princípio", afirmou Totoki em uma entrevista ao Financial Times. "Estamos carentes na fase inicial de criação de IPs, e isso representa um obstáculo para nós."
Imediatamente após seus comentários, fãs da PlayStation começaram a compartilhar imagens de séries como Sly Cooper e Resistance, franquias populares que estão ausentes há anos. Contudo, como muitos destacaram, Totoki estava se referindo à Sony como um todo, e não exclusivamente à divisão de jogos, que carece de propriedades originais icônicas como, por exemplo, Mario da Nintendo.
Fora Homem-Aranha, uma das maiores franquias da Sony é The Last of Us, que alcançou grande sucesso com sua adaptação na HBO em 2023.
Em uma discussão no Reddit, um fã comentou: "Acho que esse comentário se refere à Sony como um todo, não apenas à divisão de jogos. Pensando nisso, eu concordo. Como um espectador comum, não consigo lembrar de algo da divisão de filmes deles que seja uma IP original, e o que eles têm lançado não tem a melhor reputação. O que seria da Sony Pictures sem Homem-Aranha? Talvez Hotel Transilvânia?"
Nos últimos anos, a Sony tem focado na aquisição de grandes franquias. Em um determinado momento, a empresa tentou se unir à Apollo para adquirir a Paramount por US$ 26 bilhões, embora o acordo tenha falhado. Mesmo assim, a Sony continua otimista em desenvolver e expandir suas próprias franquias.
"Temos a tecnologia e nossa força está na criação, algo em que gostamos de trabalhar e onde podemos contribuir significativamente", disse Kenichiro Yoshida, CEO da Sony, na mesma entrevista. "Nosso foco na criação também implica colaborar com parceiros na distribuição, e isso tem nos ajudado a estabelecer ótimos relacionamentos com os principais nomes da Big Tech."
A entrevista também destaca Rahul Purini, presidente da Crunchyroll, que mencionou o interesse do serviço de streaming em colaborar com a Sony para co-produzir novos conteúdos, à medida que os custos de produção aumentam. Purini estimou que existem cerca de 800 milhões de fãs de anime em todo o mundo, e acredita que esse número possa atingir um bilhão em breve.
"Com as limitações dentro do ecossistema de produção, há uma oportunidade para empresas como a Sony explorarem maneiras de ampliar a capacidade criativa, trazer novos talentos e talvez utilizar a tecnologia digital no processo de criação", acrescentou Purini.
A Sony é apenas uma das várias grandes empresas de mídia que buscam expandir suas franquias para diversas plataformas, como serviços de streaming, videogames e mais. Empresas como Nintendo, Sega, Warner Bros. e Disney também estão revisitando seus catálogos em busca de novas oportunidades para filmes e parques temáticos, resultando no renascimento de várias franquias, algumas das quais haviam sido esquecidas.
Por outro lado, a Sony tem enfrentado dificuldades em criar novas franquias online. O jogo Concord, por exemplo, teve seu servidor desligado menos de duas semanas após o lançamento. Antes de ser cancelado, Concord deveria fazer parte da série Secret Level da Amazon, mas o futuro desse projeto permanece incerto.
Enquanto isso, os fãs da Sony continuam saudosos de clássicos como Infamous, Jak and Daxter, Dark Cloud, Gravity Rush, e muitos outros. Pelo menos, Astro Bot, um jogo nostálgico de plataforma da Sony, está programado para ser lançado em 6 de setembro, trazendo um pouco de alívio aos fãs que aguardam pelo retorno de velhas franquias.