Poucos jogos merecem um remake tanto quanto Metal Gear Solid 3: Snake Eater, considerado por muitos como o melhor título de ação furtiva de sua época, o jogo de 2004 desafiou os limites do PlayStation 2, frequentemente ultrapassando o que o hardware podia suportar.
Agora, vinte anos depois, a Konami traz um remake completo que promete aproveitar o poder dos consoles modernos e realizar a visão original de maneira plena.
No entanto, sem Hideo Kojima à frente, Metal Gear Solid Delta parece mais uma remasterização visualmente impressionante do que o remake inovador que poderia ter sido. Embora ofereça uma experiência nostálgica e visualmente deslumbrante, sua fidelidade extrema ao original pode ser vista como uma limitação.
Primeiras impressões da Demo
Recentemente, tive a oportunidade de jogar a Virtuous Mission em Metal Gear Solid Delta, uma recriação do prólogo de MGS3, agora no Unreal Engine 5. Os gráficos são tão impressionantes quanto esperado, com destaque para os modelos de personagens, as expressões faciais e as roupas estão particularmente bem detalhadas. A selva, no entanto, é o verdadeiro destaque, com a iluminação moderna evidenciando cada detalhe, desde folhas de grama até poças de lama e cobras que serpenteiam pelo cenário.
Veteranos de Metal Gear lembrarão que a Virtuous Mission dura cerca de 90 minutos, dominada por cutscenes e conversas via codec. Isso torna difícil avaliar quaisquer mudanças significativas além dos gráficos, já que Delta utiliza o mesmo áudio do jogo original e todas as cenas são replicadas quadro a quadro. A julgar por essa demo, as mudanças na jogabilidade são mínimas. Delta parece uma recriação meticulosa de Metal Gear Solid 3, com árvores, inimigos e telas de carregamento exatamente onde estavam em 2004, dividindo a selva em mapas pequenos e separados.
Essa estrutura preservada faz com que Metal Gear Solid Delta pareça mais antigo do que seus novos visuais sugerem. A selva parece pequena e claustrofóbica, não por causa da vegetação densa, mas devido aos espaços de jogo limitados. As telas de carregamento atuam como barreiras rígidas, impedindo que eventos de uma área afetem outra, por exemplo, guardas não podem perseguir você de um mapa para outro. Essa falta de continuidade limita a criatividade do jogador, já que não há como distrair inimigos para além das telas de carregamento ou alinhar um tiro entre as zonas.
Tudo isso era compreensível em 2004, quando o PS2 não conseguia renderizar um mundo de jogo tão detalhado. Mas em 2024, a ausência da liberdade oferecida pelos mapas amplos de Metal Gear Solid V é notável. O remake de Resident Evil 2 da Capcom, por exemplo, eliminou as telas de carregamento icônicas do original para criar uma experiência mais imersiva. Sem uma abordagem semelhante, temo que MGS Delta não ofereça uma experiência significativamente diferente do remaster de Snake Eater disponível na Master Collection Vol. 1 lançada recentemente, que tem um preço muito mais acessível e inclui outros dois jogos excelentes.
Oportunidades perdidas e algumas melhorias
O produtor Noriaki Okamura contou por que a equipe decidiu não atualizar o design dos mapas de MGS3. Ele explicou que discutiram internamente sobre a possibilidade de transformar o jogo em um mundo aberto moderno, mas isso exigiria refazer o jogo do zero e, ao fazer isso, poderiam alterar elementos importantes do original, algo que a equipe decidiu evitar.
Apesar da fidelidade extrema ao design original, algumas mudanças foram feitas para tornar Delta mais confortável de jogar. A principal delas é um esquema de controle modernizado, inspirado na versão de 3DS do MGS3, que inclui mira por cima do ombro e um sistema de controle de armas mais intuitivo. A antiga mecânica de mira complicada foi substituída por controles mais precisos e rápidos, o que facilita a execução de tiros na cabeça. Além disso, Snake agora pode andar agachado, algo essencial para um jogo furtivo.
Ainda assim, Metal Gear Solid Delta não se aproveita plenamente das capacidades modernas. Embora o jogo se beneficie de gráficos atualizados e controles mais intuitivos, ele ainda se sente como um título de uma geração anterior. Por exemplo, Snake não se move com a fluidez vista em MGS5. Parece que a Konami perdeu uma oportunidade clara de modernizar MGS Delta com melhorias significativas.
Nostalgia vs. Inovação
Se a demo for indicativa do jogo completo, sua opinião sobre Delta dependerá de quão fiel você deseja que este remake seja. Se você é um purista, este remake será um prato cheio de nostalgia, com a equipe da Konami tratando o original como uma obra sagrada. No entanto, essa abordagem fiel também mantém Delta preso às limitações dos anos 2000. Embora os gráficos e controles tenham sido atualizados, não há nada realmente novo ou emocionante em MGS Delta, pelo menos na demo. As esperanças de uma experiência reinventada, como vimos em remakes recentes de outros clássicos, parecem ter sido deixadas de lado em favor de uma recriação visualmente impressionante, mas fundamentalmente conservadora.
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